De como já estava registrado nos evangelhos de que não há oculto que não seja revelado, o que o sábio Sidarta Gautama, o primeiro Buda, ensinou como a lei de causa e efeito.
O Rei estava sentado no seu trono, tendo ao lado os seus Ministros e Comandante da Guarda do Palácio “A M A R E L O ”.
Dona Yone, tremendo, segura-se ao marido, cujo espanto não era menor, mas estava dando conta de segurar-se.
Dois oficiais se aproximam com espadas levantadas, fizeram continência ao casal e o acompanharam, com passos solenes, entre a fileira de doze oficiais de cada lado, também com espadas levantadas, fazendo uma espécie de abóbada, até aos pés do trono.
O casal chega. O Rei ao invés de esperar que eles se curvem como fazem todos os súditos, levanta-se e se aproxima do Jesuíno jardineiro e coloca a mão no seu ombro. Diz com voz firme:
- Sou grato por seu pronto comparecimento ao Palácio.
Foi então que o Jesuíno jardineiro reconheceu a voz. Era aquela mesma voz que havia ordenado:
- Ensine-me o caminho do Palácio!
Só não ficou perturbado, porque aquela mão no seu ombro lhe infundia confiança. Então era o próprio Rei que estivera com ele naquela madrugada até o alvorecer e ele não sabia. E aí pensou no seu coração, que é o que deve ter acontecido com o Jacó no vale de Jaboque. Ele não sabia com que estava com ele, mas sabia que sua vida daquele momento em diante ia mudar, como de fato mudou, até o seu nome passou a ser outro, no lugar de Jacó, passou a chamar-se Israel.
E pensou consigo, só no pensamento:
- Não há de quê, que eu não desejei muitas vezes estar na presença do Rei aqui no Palácio? Pois então eu estou aqui na presença do Rei, no Palácio. O que tenho que fazer é o que eu sempre quis fazer, falar ao Rei o que eu sempre trouxe no meu coração. E é o que vou fazer.
- Então o seu nome é Jesuíno?
- Não há de quê, Majestade, meu nome é mesmo Jesuíno! Jesuíno da Silva, ao seu inteiro serviço, Majestade.
Havia majestade nas palavras do Jesuíno da Silva.
- Jesuíno da Silva, você sabe porque está aqui na presença do seu Rei?
O Rei havia pronunciado o “seu” com muita ênfase, como querendo demonstrar muito orgulho em ser o Rei do Jesuíno.
- Não há de quê, Majestade, qualquer um fica honrado com a distinção de Vossa Majestade e para mim não podia ser de menos. Mas, com toda reverência, Vossa Majestade é meu Rei, depois do outro Rei.
Aí o Ministro do Manto “A M A R E L O” já enojado com tanta distinção a um tão simples jardineiro, achou de intervir:
- Não há outro Rei, só sua Majestade que está bem à sua frente!
O Rei sorriu tolerante. O Ministro não vira bem. Ele não estava à frente do jardineiro, mas ligeiramente ao lado, com a mão ainda no ombro dele.
O impasse parece haver demorado muito, produzindo o tal silêncio sepulcral na sala de audiência, interrompido pelo Rei.
- Já sei, todos somos um pouco reis. Cada um tem um pouco porque reinar. Não é mesmo?
Jesuíno da Silva, o jardineiro, com esta observação entendeu que o Rei havia entendido tudo quanto ele havia dito naquela manhã. Ele não havia dito que todo mundo reina naquilo que traz exclusivamente de Deus para abençoar o mundo, mas o Rei, na linguagem de Rei, havia entendido, de forma que era aquilo mesmo e disse:
- Não há de quê, Majestade, Deus na sua coroa de glória, é como um diamante, cuja proporção não se pode avaliar e, então, cada um de nós é uma pequena faceta de seu diamante eterno, de brilho sem par.
-
- Então, resumiu o Rei, cada um de nós é uma pequena faceta do grande diamante da glória de Deus para brilhar no mundo!
Com tento, ou sem tento, na advertência da mulher Yone, ele já comunicara que existia o outro Rei. Paciência.
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